Blog

Interação da NR-10 com as atividades de Operação e Manutenção

Compartilhe:

As atividades de operação e manutenção são aquelas que interagem diretamente com o sistema elétrico, e é através destas atividades que as intervenções ocorrem, e onde problemas que afetam a segurança das pessoas envolvidas e a continuidade operacional podem acontecer.

Sabemos e reconhecemos a operação e a manutenção como atividades estratégicas, portanto quando a NR-10 apresenta um item que trata exclusivamente dos aspectos de manutenção e operação (Ver item NR-10.4.1 e 10.4.4), torna estratégica a sua aplicação.
Uma operação correta exige do operador um bom conhecimento dos equipamentos de manobra e seus intertravamentos. A identificação correta dos locais, dos painéis e suas unidades funcionais é de suma importância para uma operação sem erros, do mesmo modo que a sinalização do status de cada equipamento de manobra.
Por seu lado, a manutenção não está ligada apenas a restabelecer o funcionamento do sistema e suas partes, mas a agir de forma preventiva, evitando defeitos que venham a levar a paradas intempestivas do sistema operacional ou mesmo a graves acidentes pessoais. A manutenção trabalha para aumentar a confiabilidade do sistema elétrico aumentando assim a sua disponibilidade e diminuindo drasticamente a necessidade de intervenções.

Quando a NR-10 exige, entre outros itens, a existência de um diagrama unifilar atualizado e disponível, onde os intertravamentos operacionais e o sistema de aterramento utilizado estejam claramente definidos, e onde as identificações dos sistemas e equipamentos estejam em conformidade com o campo e vice-versa, contribui para uma operação e manutenção mais segura e sem falhas.

As instalações devem ser construídas, operadas e mantidas de forma a garantir a correta operação e manutenção dos sistemas, mas isso nem sempre ocorre como temos tido a oportunidade de observar. Posições inadequadas, falta de espaço suficiente para manobras e intervenções, identificação falha de equipamentos e suas unidades funcionais, documentação desatualizada, manobras indevidas, acionamento de dispositivos errados executado por engano devido à falta, incorreção ou dubiedade da identificação ou mesmo sinalização incorreta do seu estado operacional, são fatores que podem levar a acidentes pessoais e a paradas indesejadas de parte significativa do sistema operacional. Desconhecimento técnico e a inexistência de procedimentos adequados levam a operações indevidas, erros de diagnostico e consequente adoção de medidas corretivas inadequadas no caso de manutenção.

A NR-10 enfatiza e torna obrigatórios os procedimentos (Ver item NR-10.11.1) e normalmente os engenheiros e técnicos dessas áreas reconhecem a sua necessidade para a execução de um trabalho seguro e de qualidade, mas nem sempre têm disponibilidade para redigi-los de forma adequada. Quando o fazem esbarram na escolha dos assuntos objeto desses procedimentos e percebe-se que essa escolha não é feita obedecendo a uma sistemática que leve a contemplar todos e somente aqueles necessários. Nascem de forma isolada em função da percepção de pessoas ou acontecimentos pontuais e muitas vezes priorizam os aspectos técnicos das intervenções negligenciando, ou não dando a devida importância, aos aspectos de segurança e saúde dos trabalhadores.

A NR-10, de uma maneira geral, orienta para que a definição dos procedimentos seja fruto de uma análise crítica que avalie os riscos elétricos e outros riscos adicionais associados (APR e HAZOP entre outras técnicas) e proponha medidas preventivas de controle destes riscos. Aqui o procedimento técnico não é mais separado do procedimento de segurança. Um único documento deve conter os dois aspectos do trabalho.

O acompanhamento periódico da integridade dos equipamentos através do acompanhamento de parâmetros que indiquem essa condição (temperatura, gases dissolvidos em óleo isolante, sinais de umidade prejudicial, vazamentos, etc.), a limpeza interna dos mesmos, a verificação periódica de sua funcionalidade, a reposição de peças e partes que se desgastam pelo uso normal ou tempo de vida útil, são atividades típicas da manutenção que, atuando de maneira preventiva, diminuem a incidência de defeitos, paradas intempestivas e perdas operacionais. Defeitos podem ocasionar condições de risco para a segurança dos trabalhadores e aqui, manutenção preventiva e NR-10 se aliam (Ver item NR-10.4.4). Portanto, adequar-se à NR-10 implica também em adotar planos adequados de manutenção preventiva executados dentro de filosofias, periodicidade e procedimentos adequados.

A utilização de equipamentos de medição e testes, ferramentas e EPIs corretamente especificados e certificados, aferidos e testados é condição obrigatória para uma manutenção de qualidade. Novamente a NR-10 corretamente aplicada não permite negligencia nestes tópicos (Ver item NR-10.4.3, 10.4.3.1 e 10.4.6). Novamente percebemos que a NR-10 compõem uma base sólida que orienta, complementa e não deixa que sejam esquecidos itens importantes para a operação e manutenção dos sistemas elétricos, contribuindo assim com a continuidade operacional dos sistemas produtivos.

Clique aqui para ver o PDF


Este conjunto de artigos sobre a NR-10 foi extraído de um trabalho inicial denominado NR-10 – ITEM ESTRATÉGICO NA GESTÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS, elaborado por Luis Antonio Brito Leal, engenheiro eletricista pela E-PUSP/72, engenheiro associado da PDCA Engenharia (Elétrica – Instrumentação e Automação) (Campinas SP). Francisco Vitor Barbosa, engenheiro eletricista pela E-FEI/80 – sócio gestor da PDCA Engenharia (Elétrica – Instrumentação e Automação) (Campinas SP).

O objetivo deste primeiro trabalho publicado foi transmitir aos responsáveis pelos sistemas elétricos, principalmente das indústrias do Brasil, a experiência que os autores adquiriram no trabalho de avaliação da adequação desses sistemas à NR-10, que lhes deu a convicção de que a aplicação desta NR é um item altamente estratégico.
Ele se baseia no resultado de diversas avaliações de sistemas elétricos realizados, o que lhes permite apontar e relembrar aos engenheiros e projetistas, bem como aos gestores responsáveis pelos sistemas elétricos, alguns aspectos importantes do projeto, gestão, operação e manutenção dos mesmos, os quais muitas vezes não são aplicados. O trabalho não tem a pretensão, contudo, de cobrir todos os aspectos que devem necessariamente ser levados em conta nestas áreas, realçando apenas os aspectos oriundos da NR-10 que a tornam uma base sólida a ser seguida.